
Eu sou o nada
nada
sou o zero
alguma coisa
sou o zero dos zeros
algum nada
o vácuo
algum anterior
o caos
antes da luz
o original
depois da maçã
Eu sou aquilo que vem depois do ponto final
em branco
sou o silêncio,
depois de escutar
sou o silêncio!
antes de falar
sou (é isso!) o travessão!
travessado no texto
na rua movimentada...
esperando a colisão
sou o espaço em branco entre as estrofes.
Eu desconfiava que era toda civilização
na minha humanidade
que era toda a forma de um-mil herói
na minha história
que era vesgo
na minha idéia
que não sabia onde era ponta do meu nariz
na minha cara
que não era dono dele
na minha vida
Sonhei que seria grande
Aquiles, talvez
Convenceram-me que seria nobre
Heitor, talvez
Disseram que eu era o escolhido
Ulisses, quem sabe?!
Mas sou um no meio de tantos
sem brilho
Não sou nada no meio de tantos um
nem mancha
Tudo são sonhos...
sem Helena a me esperar
[Conrad Pichler, 25 de fevereiro de 2005
Arte: "Rooms By Sea", E. Hopper.]
Arte: "Rooms By Sea", E. Hopper.]
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