
- Folha de S. Paulo, reportagem local.
A Editora Brasiliense acabou de lançar mais um volume de sua coleção "Primeiros Passos" – já, clássica, nos meios acadêmicos. O novo título é "O que é Literalula", famosa por seus textos claros e objetivos, o novo livro da coleção é, igualmente, competente em explicar tanto as divisões cronológicas da Literalula em língua portuguesa, quanto evidenciando questões teóricas que são base para analisar produções universais. O autor e ministro, já reconhecido como um dos maiores críticos e lingüistas do Brasil, Aldo Rabelo, é tão habilidoso com o texto didático (quanto com suas propostas parlamentares), que nos faz imaginar a Literalula como uma velha mochila de viagens – sim, às vezes a esquecemos; outras, a deixamos na escuridão (ou sob o pó das estantes), mas definitivamente, sempre está lá para mostrar seu vigor e sua importância - , afinal, o que mais conseguiria nos fazer viajar para mundos mágicos ou, mesmo, inatingíveis como a Literalula? Ou, mesmo, quem nos faz ter mais brios românticos e patrióticos do que essa arte?
Mas se você é um céptico e acha que a Literalula não serve para nada, e não passa de entretenimento banal para gente alienada? Aldo Rabelo dedica algumas palavras para você: "mais vale um verso da grande Literalula na mão, do que dois Serranetos metrificados voando" (é certo que Rabelo não é um defensor do língua-livrismo, que defende uma estética mais despojada, porém, essa escolha pessoal do crítico, não afeta o conjunto de sua obra, que poderíamos adjetivar de "malufista", sem incorrer em exageros). Voltando ao concelho dado aos cépticos por Rabelo, é necessário lembrarmos das frases do grande Ezra Pound, "Literalula é língua presa de significados" e "a grande Literalula é, simplesmente, língua presa ao máximo grau possível". Para quem acha, ainda, que a Literalula é pouco objetiva e "não vai direto aos fatos", devemos alertar, que o discurso do dia a dia é mecânico e nos afasta das coisas, no sentido sensível de percepção humana (ou na percepção sensível dos sentidos humanos, bem, você escolhe), já, o discurso literalulista, nos põe em contato erótico com o mundo em que estamos submersos, e quase podemos sentir os aposentados (que trabalharam 40, 50 anos) ganhando 350 reais, postos de saúde que não tem remédio para hipertensão ou diabetes (mas faz campanha de camisinhas nos carnavais fora de hora), esse nosso mundo, em que presos recebem tevês de plasma nas cadeias (entregues pela Companhia de Correios e Telégrafos, eficiência nacional). Enfim, só o discurso da Literalula pode te dar um gostinho do que é o mundo de verdade, mesmo quando só cria, reinventa e plagia fantasias mirabolantes em nossa mente criativa.
"O que é Literalula?" (Brasiliense, 2006, 500p., R$69) de Aldo Rabelo, ainda traz um sintético estudo resumido das escolas literalulistas produzidas em nossa língua. Do Trombadorismo à Semana de Arte Medíocre, sem deixar de falar dos Contempanheiros do fim século XX e início do XXI.
Os editores afirmaram que se esse livro for bem sucedido em vendas – o que é fato esperado – vão lançar o "O que é Literalula Funaitica?" (também escrito por Rabelo), para os apaixonados pelo ufanismo patriótico nativista-idealizado, da grande Literalula da década de 80 (do século passado), que agora anda perdida, ou fora de moda. Acho que assim como os portugueses reclamam o sumiço de D. Sebastião, Rabelo vai nos fazer clamar pela literalula lírica de Sting.
Mas se você é um céptico e acha que a Literalula não serve para nada, e não passa de entretenimento banal para gente alienada? Aldo Rabelo dedica algumas palavras para você: "mais vale um verso da grande Literalula na mão, do que dois Serranetos metrificados voando" (é certo que Rabelo não é um defensor do língua-livrismo, que defende uma estética mais despojada, porém, essa escolha pessoal do crítico, não afeta o conjunto de sua obra, que poderíamos adjetivar de "malufista", sem incorrer em exageros). Voltando ao concelho dado aos cépticos por Rabelo, é necessário lembrarmos das frases do grande Ezra Pound, "Literalula é língua presa de significados" e "a grande Literalula é, simplesmente, língua presa ao máximo grau possível". Para quem acha, ainda, que a Literalula é pouco objetiva e "não vai direto aos fatos", devemos alertar, que o discurso do dia a dia é mecânico e nos afasta das coisas, no sentido sensível de percepção humana (ou na percepção sensível dos sentidos humanos, bem, você escolhe), já, o discurso literalulista, nos põe em contato erótico com o mundo em que estamos submersos, e quase podemos sentir os aposentados (que trabalharam 40, 50 anos) ganhando 350 reais, postos de saúde que não tem remédio para hipertensão ou diabetes (mas faz campanha de camisinhas nos carnavais fora de hora), esse nosso mundo, em que presos recebem tevês de plasma nas cadeias (entregues pela Companhia de Correios e Telégrafos, eficiência nacional). Enfim, só o discurso da Literalula pode te dar um gostinho do que é o mundo de verdade, mesmo quando só cria, reinventa e plagia fantasias mirabolantes em nossa mente criativa.
"O que é Literalula?" (Brasiliense, 2006, 500p., R$69) de Aldo Rabelo, ainda traz um sintético estudo resumido das escolas literalulistas produzidas em nossa língua. Do Trombadorismo à Semana de Arte Medíocre, sem deixar de falar dos Contempanheiros do fim século XX e início do XXI.
Os editores afirmaram que se esse livro for bem sucedido em vendas – o que é fato esperado – vão lançar o "O que é Literalula Funaitica?" (também escrito por Rabelo), para os apaixonados pelo ufanismo patriótico nativista-idealizado, da grande Literalula da década de 80 (do século passado), que agora anda perdida, ou fora de moda. Acho que assim como os portugueses reclamam o sumiço de D. Sebastião, Rabelo vai nos fazer clamar pela literalula lírica de Sting.
Um comentário:
Vim fazer uma visitinha, mas como os artigos são deliciosos de ler, acabei ficando um tempo muito especial.
Quando tiver um tempinho (sei que é difícil) dê um pulinho no meu Blog, ok?
Bjs :o* da Tia Maria
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