Conrad, esse é o meu trabalho (caso você não se lembre quem sou, eu sou o "Chaguri"):
Cão Arrependido
Lá vem o cão arrependido,
com suas orelhas fartas,
seu osso roído,
e seu rabo entre as patas.
Lá vem, com suas orelhas fartas
e rabo entre as patas,
o cão arrependido
e seu osso roído.
Arrependido
e com o eu osso roído?
Orelhas fartas
e rabo entre as patas?
quem mais seria,
senão o cão arrependido.
[Poesia realizada em uma aula sobre ritmo poético,
por Tiago Guinski Chaguri, outubro de 2006]
3 comentários:
aqui é o 'arnoult'...
venho aqui de vez em nunca, mas cá estou.
bem, achei o texto do chaguri legal, e é claro que você também. isso é, esta aí... enfim, é... de onde são as imagens que colocas no blog (a de o ruído do ritimo roido, e blues zero - ponto de exclamação, e enfim...)? são muy legais.
e alias, tenho achado muito legais estas suas aulas alternativas, mesmo eu ficando deitado, eu te ouço, viu?
mas enifm, é isso, eu tenho mais a dizer, sempre tenho, mas nunca me lembro. tem uma música da Madeleine Peyroux que é nova. chama-se it's allright, acho. é de um disco novo. só sei o careless love, o outro ñ lembro o nome. mas é gostoso ouvir esta coisa que tem contrabaixos a lá antiga, que para se tocar, deve-se tocar o instrumento em pé, e aquele som velho de lp, e uma meia luz, numa sala com prateleiras com discos e livros remoídos. não consigo ouvir sem imaginar, engraçado. jazz em geral me remete a nova york, e bares melancólicos com coraçãoes partidos, desempregados deprimidos, e muita fumaça e uísque. mas pode vir à minha mente também uma coisa mais leve. tirando a meia luz, isso é fundamental. chat baker. já ouviu?
o cara é o máximo. fazia parte de um famoso trio, cujo nome não consigo me lembrar. entrou após a morte de um, e substitui-o. não canta bem, mas é uma delícia ouvi-lo cantando. dificil de entender? ah, não muito...
ele meio que fundou aquele... como se chama? aquele jazz melancolico, e meio deprê... pera, vou ver no google... achei, chama-se cool jazz. enfim, é muito bom.
tô ouvindo ele agora. aqui vai o link, caso queira:
http://app.radio.musica.uol.com.br/radiouol/cdcapa.php?codcd=007702-1
tenho outros dois cd's dele aqui em casa, mais legais que este. se quiser... enfim.
este comentário já ficou maior que teu post, e vou encerra-lo.
um abraço pra ti, conrad, meu caro professor (olha, caro mesmo, porque professor legal tá difícil hoje em dia). até segunda (hoje é 5ª, porem vou à 27ª bienal amanhã com o patricio... portanto duvido que irei ve-lo).
Talvez eu devesse escrever-lhe por orkut. Mas o nosso blog parece mais adequado. Sabe, primeiramente gostaria de dizer-lhe que, apesar de ser o mais velho dos velhos clichês, não precisamos deixar de nos falar. Eu sempre gostei de melancolias, e outras coisas ruins que, quando se é um jovem bobo, se quer ter. Isso mudou muito em mim. É, parece aquele discurso americano do mocinho e da mocinha, mas as coisas mudaram muito pra mim depois que comecei a namorar a Luísa... Não sei porque, exatamente, tô te falando isso. Penso no cool jazz e na suas imagens, e no fato de termos um ano de conversa (teoricamente um ano, na pratica, pode ser mais, ou menos, quem sabe?). E olha só o que sai, eu falando que sou um bobo de filme americano, mas feliz.
Eita, preciso dar um rumo nesse discurso. Mas não vou apagar nada do que falei. Enfim, tem uma música, embraceble you, acho que é. Não sei o que é embracable, mas é uma ótima música. Do baker.
Eu toco violão flamenco, sabe, aquela coisa espanhola legal? Quer dizer, a dança eu ñ conheço, só o rítimo. É muito legal... Bem, nem sei porque disse isso. Você fez algum curso de linguas? Digo, é que você dá aula de ingles, aí... Alias, vocÊ tá me devendo um pouo de mandioca! Tu falaste que me daria um pouco... E piro, acabou com os sonhos de valsa da cantina!
Alias, valsa é muito bonito também.
Conheces aquele compositor ultra-romantico, Chopin? Eu não gosto de romantismo literario, para ser sincero, mas na música é lindo. E o beethoven também é o cara. Olha, vou te passar um link. É uma sonata do beethoven, lindississississississississimo. Chama-se sonata ao luar. todos tem uma sonata ao luar, o debussy também. O bandeira tem um poema chamado debusy. O novelinho de lã, e tals. pera, vou pegar o link.
é a moonlight. ouça as três partes, mas destaque para as mais dramaticas, o adagio sostentuo e o presto agitado (1ª e 3ª partes)
http://app.radio.musica.uol.com.br/radiouol/cdcapa.php?codcd=004343-6
acho incrível. Enfim, a patetica também é linda. outra sonata do beethoven. e o noturno do chopin, o op. 9 nª 2. se não és chegado a esse periodo mais antigo, ouve o erik satie, o cara da gymnopedie (?). não tem na radio uol, mas tenho um cd. ele é impressionista, se não me engano. o máximo. a gymnopedie é liiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinda...
e agora me sinto meio bobo com essas minhas falas de música.
Olha, meu bom professor, estou indo agora. vou jantar, e passar meu tempo com música ou algum poema. redescobri a cecilia meireles. apesar do ou isto ou aquilo, ela é muito melancolica. como ja dizia a lú, se não me engano, esse modernistas querem destruir tud oo que veem... (ela era modernista? se não, perdoe o engano... =/). Ouvi dizer que poemas como o no último andar, por exemplo, são sobre morte, de uma forma 'oculta'. Li o poema o outro dia, e entendi. Mas quanto te dizem sobre o que é, fica tudo muito fácil, não?
Abraço, Conrad. Tenhamos uma boa noite, e doces sonhos.
Oi, Thiago, vou responder por aqui, nada a esconder em ostras.
“Moonlight Sonata, a resignação do fascista Beethoven”, alguém disse uma vez. Mas, na verdade fascista era o Hitler que usava a Nona Sinfonia (reescrevi com letras maiúsculas, ela merece) como hino dos arianos. Hitler tal qual Napoleão queria unir a Europa sob uma bandeira, a de Hitler, o seu bigode; a de Napoleão seu chapéu de ponta. Beethoven tinha escrito uma sonata para Napoleão, mas apagou o nome e escreveu o nome do filho da sua benemérita, morto pelo exército do imperador francês. Nem o menino, nem o enlouquecido de chapéu de ponta ouviram a 9ª, morreram antes. E Beethoven ainda é fascista para alguns. Nos jogos olímpicos de Berlin na década de 30, um garoto negro ganhou os 100 metros livres, e o bigode de Hitler ficou com vergonha do dono, disse tribalistamente: “Não sou de ninguém”.
“Você não é de ninguém” é o último verso de “Chovendo na roseira” da Elis e do Tom, a Nôra cantou essa no dia da Mostra Musical, mas eu queria mesmo é a ouvir dividindo o vocal com a Luísa. O Pedro não gosta do John Coltrane e toca muito bem, um dia vou colocá-los para tocar juntos. Um dia, um dia, um dia, um dia. Bem, que fique como nosso segredo. Segredos são ostras românticas que sobrevivem até hoje, alguém acredita mesmo que o que se diz ninguém nunca vai saber?
Quero ouvir aquela música com nome que me lembra o nome daquela banda flamínica “Gipsy King”, minha ex-namorada gostava, eu era mais melancólico demais e preferia blues, mas, a mea culpa era toda dela, ela me fez um sujeito mais melancólico, inclusive quando se foi. Agora é minha vez de sentir feito o mocinho abandonado aos 20 minutos do filme, espero que a próxima hora seja mais movimentada e que o final seja feliz, seja “feliz” o que for. Pro Drummond felicidade são as pernas das mulheres passeando no bonde, em um poema do Cabral, o Melo Neto, ele condensa uma Dançarina Espanhola: “Para não matar seu tempo, imaginou: ... E as mil pernas da Grande dançarina. Fazem cair sobre a terra uma chuva de...”, ensine a Luísa a dançar e toque pra ela dançar (não, não gosto da novela das 9h), mas essa comunhão do som e do corpo não se tem de outro jeito. Assim, nem ela nem você precisarão matar o tempo, nem imaginar, o que para Caeiro não era nada.
Pessoa, discípulo de Caeiro, elogiava ironicamente a empáfia de Dom Sebastião, o Hitler e Bonaparte de Portugal. Caeiro também anti-escreveu o Menino Jesus, que destruía o mito e criava o menino de fato. Um menino como o menino que fez a Sonata dos Raios da Lua, apagar o nome do imperador da Patética e escrever outro nome de menino. No fim, como dizem, “uma rosa é uma rosa é uma rosa é uma rosa” ou “um menino é um menino é um menino é um menino”.
E você tem razão, se quisermos falaremos bem mais tempo do que o tempo de colégio. Acho que estou ficando piegas e senil antes dos 30, provavelmente é culpa do blues e da minha ex-namorada, acho que preciso aprender a dançar flamengo, ouvindo Gipsy King.
Abração e ótima semana,
Conrad
P.S.: aprendi inglês na faculdade e num colégio da Cambridge Trinity College, acho esse nome bonito, por isso não poupei de escrever, mas, em si, não significa nada.
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