A gente não devia deixar os demônios entrarem pela porta dos fundos. Eles saem logo, sem despedida; deixando o quintal, e o jardim forrados de pó de serra e nacos de velas queimadas.
Os anjos entram pela chaminé que nem há, feito Papai Noel, aquele que não é. E encostam as cabeças nos nossos ombros, escutando a nossa circulação. Eles deitam no sofá e choram com a mocinha da novela das oito, e aqueles olhos pretos feios.
A gente não devia deixar a porta lateral trancada para os vizinhos.
Meu pai sempre dizia que a gente sempre deixa as portas abertas e os cadeados trancados. Ele queria dizer que demônios, anjos e vizinhos sabem que bem trancada está a abertura, eternamente trancada aberta. E, por isso, eles vêm pelos fundos, pelas chaminés que inexistem, e pelas portas laterais.
A gente não devia deixar cadeado fechado em porta aberta.
Os anjos entram pela chaminé que nem há, feito Papai Noel, aquele que não é. E encostam as cabeças nos nossos ombros, escutando a nossa circulação. Eles deitam no sofá e choram com a mocinha da novela das oito, e aqueles olhos pretos feios.
A gente não devia deixar a porta lateral trancada para os vizinhos.
Meu pai sempre dizia que a gente sempre deixa as portas abertas e os cadeados trancados. Ele queria dizer que demônios, anjos e vizinhos sabem que bem trancada está a abertura, eternamente trancada aberta. E, por isso, eles vêm pelos fundos, pelas chaminés que inexistem, e pelas portas laterais.
A gente não devia deixar cadeado fechado em porta aberta.
Conrad Pichler,
São Paulo, 22 de junho de 2007.
São Paulo, 22 de junho de 2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário