Samba do grande amor

Tinha cá pra mim
Que agora sim
Eu vivia enfim o grande amor
Mentira

Me atirei assim
De trampolim
Fui até o fim um amador
Passava um verão
A água e pão
Dava o meu quinhão pro grande amor
Mentira

Eu botava a mão
No fogo então
Com meu coração de fiador
Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira

Fui muito fiel
Comprei anel
Botei no papel o grande amor
Mentira

Reservei hotel
Sarapatel
E lua-de-mel em Salvador
Fui rezar na Sé
Pra São José
Que eu levava fé no grande amor
Mentira

Fiz promessa até
Pra Oxumaré
De subir a pé o Redentor
Hoje eu tenho apenas uma pedra no meu peito
Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada do grande amor
Mentira

Chico Buarque, 1983
Para o filme Para viver um grande amor, de Miguel Faria Jr.
1982 © - Marola Edições Musicais Ltda. Todos os direitos reservados
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4 comentários:

Anônimo disse...

Recuerdos de la... Alhambra? Não.
Nessa rua mora um anjo que roubou meu coração.
Onde está a estrela da manhã?
o teu silencio é uma nau com todas as velas pandas. mas as vela é só vela, e o silencio deveria ser só silencio.

Talvez o silêncio de Caeiro fosse uma página em branco.

...


Sabias que toda sexta feira, pelas 20h, no shopping villa lobos, há o show da traditional jazz band brasil? eles realmente fazem o começo de noite mais divertida...

vai lá sexta que vem...

http://www.youtube.com/watch?v=ns3_RlZNvpg

Adios, nonino!

Anônimo disse...

tá na hora de responder

Arnoult disse...

Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você
Além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava um rock
Para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigada a ser feliz
E você era a princesa
Que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país


Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Sim, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido


Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim

Conrad Pichler disse...

Fala, Tchê!

esse parece ser nosso clubinho, heheh, bueno! Boa música, poesia e conversa jogada fora, feito tinta no papel branco...

Tens sorte por ter um amor com quem dividir o silêncio de Caeiro! Tenho sorte por não ter nada para dividir, ser apenas, sentir... enfim, existir!

Saudações e abraço, deguste os novos textos.