Resolvi não falar de culpa
Essa noite, eu vou pensar diferente, vou pensar em algum modo de não achar uma razão para explicar o mundo sem poesia em que vivemos. Se a “vida não tem solução”, como diria Gullar, que continua “a poesia não tem solução”, vou achar um jeito de pensar assim: sem procurar culpados, nem crimes, nem culpa; só assim ficamos livres da solução.
O poeta no meio do meio do Minhocão
Se a metáfora é um exagero da realidade, uma imagem heroicizada, eu tenho o direito de dizer que o Minhocão, que prende São Paulo pelo ventre, é uma Quimera; e eu, caminhando sobre o meio de sua espinha, sou um poeta, no meio do meio de São Paulo, o centro. Não sou Belerofonte, sou poeta. Não vim desligar a cabeça da criatura, mas evitar que ela pense em nós.
O sinal dos tempos está no amarelo piscante
Essa noite, eu vou pensar diferente, vou pensar em algum modo de não achar uma razão para explicar o mundo sem poesia em que vivemos. Se a “vida não tem solução”, como diria Gullar, que continua “a poesia não tem solução”, vou achar um jeito de pensar assim: sem procurar culpados, nem crimes, nem culpa; só assim ficamos livres da solução.
O poeta no meio do meio do Minhocão
Se a metáfora é um exagero da realidade, uma imagem heroicizada, eu tenho o direito de dizer que o Minhocão, que prende São Paulo pelo ventre, é uma Quimera; e eu, caminhando sobre o meio de sua espinha, sou um poeta, no meio do meio de São Paulo, o centro. Não sou Belerofonte, sou poeta. Não vim desligar a cabeça da criatura, mas evitar que ela pense em nós.
O sinal dos tempos está no amarelo piscante
Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga.
Atenção!
Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção!
Apaga.
Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga.
Atenção!
Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção!
Apaga.
Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga.
Atenção!
Atenção!
Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção!
Apaga.
Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga.
Atenção!
Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção!
Apaga.
Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga. Atenção! Apaga.
Atenção!
Um menino socou a cara de um adulto.
Agitação. Arfar. Gritos. Expirar. Empurrão. Puxar o ar com sangue. Cair.
- O que está havendo?
- Porque podemos.
- Como vivemos?
- Suspendendo.
- Porque continuamos?
- Respiramos.
- Qual o caminho, agora?
- Sobreposto.
- Futuro?
- Momento.
Anulação. Colher. Choro. Solidão. Prender o ar com músculos. Morrer.
Um comentário:
Se rimas não são soluções, talvez o que poeta que considere essa máxima quer é livrar-se do pensamento positivista que prega o progresso paulista e entender os mais elevados elementos enunciados pela cidade.
A cidade é tudo. Não é ela que esse poeta quer. Nem a parte dela que rima ou que soluciona.
Não é possível entender toda a cidade. Ninguém tem culpa disso. O que é possível porém é exagerar aquilo que se conhece sem destruir o que o conhecimento gera.
Quando isso é feito, esse poeta poeta.
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