Para ouvir música erudita é preciso esquecer as palavras, as interjeições e os repetidos sensos-comuns, não há espaço entre os movimentos e instrumentos para uma palavra que seja. A grande mediadora é surda, ainda que eloqüente.
Para ouvir música erudita é preciso esquecer todos os conceitos. Não existe espaço para a mente, os pensamentos, e para as imagens plásticas, xilogravuras e aquarelas, a música erudita é cega e ignóbil. Deve-se ser todo-ouvidos, mas, não pense errado: há espaço aberto para o cérebro, maestro do coração (aquele coração romântico e não só o naturalista), existe todo o espaço à direita do cérebro.
Para ouvir música erudita é preciso esquecer todas as disciplinas. Aberto? Fechado? Espaço? Tempo? Devemos negá-los também para ouvir a música, mesmo que a música só exista no tempo e no espaço da física das reverberações das ondas no ar e nas madeiras, metais, cordas, sopros, couro, tímpanos, impulsos elétricos e da bioquímica.
Para ouvir música erudita é preciso ouvir.
Fecha aspas.
(Conrad Pichler, 4 de Fevereiro de 2009)
Um comentário:
Belíssimo comentário.
Postar um comentário