
Um dia em perfeita ordem não havia assunto ou mistérios para o homem. Dia e noite, noite e dia eram sempre iguais e o homem não tinha preocupações, idéias ou palavras.
O homem era só, tudo em sua volta era apenas coisas. Não havia nomes para elas, nem tempo para perceber que mudavam constantemente, assim como ele mesmo.
Eis, senão, quando aparece uma mulher que pergunta quanto tempo estava ali e que coisas eram aquelas que ele sempre via, dia e noite, noite e dia. Ele respondeu, apenas: "são coisas e nada mais".
Neste momento, surge como um raio, quase na velocidade da luz, o poderoso deus Cronos que diz em alto som: "Aquele que não tem tempo para as cosias, nem para si mesmo, que não percebe que elas mudam como a história, será condenado a viver observando os momentos corriqueiros da sua própria vida e da vida alheia. Assim, aprenderás que Cronos não admite falta de tempo ou imaginação".
Depois disso o homem passou a observar o cotidiano e inventar nomes e histórias.
"Este texto é dedicado ao meu filho Ulisses, cujo nome veio de uma história"
[Everaldo Rosa Januário, 11 de Fevereiro de 2004
arte: Alegoria do Tempo, 1630,
(Cronos e Eros) de Johann Heinrich Schönfeld (pintor alemão, n. 1609, m. 1683, Augsburg)
(óleo sobre tela, 94 x 129 cm / Galleria Nazionale d'Arte Antica, Rome)]
(Cronos e Eros) de Johann Heinrich Schönfeld (pintor alemão, n. 1609, m. 1683, Augsburg)
(óleo sobre tela, 94 x 129 cm / Galleria Nazionale d'Arte Antica, Rome)]
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