
Blues 2 - Everytime we say goodbye [2ª versão]
Ela bateu a porta do carro, alcançou a soleira da escada. Seus sapatinhos de couro, sua saia delicada, na altura dos belos joelhos, daquela bela mulher, pararam ali. Observando o Mercury 47 partir. Ela ainda pensava no antigo namorado que não esse que a trouxe até aqui. Ela chorou um pouco atrás dos vidros canelados da porta entreaberta. Não se perguntou porque. Rencostou a cabeça sobre a madeira escura do batente. Mas, tão logo o vento soprou, ela entrou, subiu as escadas enquanto a porta se fechava atrás dela.
Ele entrou no seu apartamento, encostou a porta ao mesmo tempo que colocava as chaves sobre um cinzeiro nunca usado. O fim do tilintar coincidiu com as luzes sendo acesas, iluminando o apartamento pequeno, seus abajures sérios e seus estofados de couro falso. Tocou seu disco preferido de Cole Porter, um que havia ganho de uma velha companheira, nos idos da década passada. Ele sentia que morria um pouco, enquanto sentava de cabeça deitada sobre o encosto da poltrona. Ele não sabia em que pensar, nem o que fazer, mas nunca havia se sentido tão só, quando naquele momento.
Ela ajeitou-se na cadeira, pra ler mais uma vez a última carta dele. Tentando imaginar como seriam essas palavras na boca dele. Imaginando as diferenças entre esse e aquele amor, essa e aquela pessoa, imaginando que estação cada um deles seria, o do Mercury 47 deviria ser primavera, aquele, anterior, inverno... ainda falta-lhe o verão. Ela sorriu. Guardou a carta, não lhe interessava mais. Ainda viria o verão, que importa, enfim a primavera que passou?
Fora de rotação, o disco chiava. A poltrona vazia sobre luz séria do abajur. Ele deixou seus pensamentos o levarem até a sacada. A lua pretensiosa tomava conta de metade do céu-entre-prédios do qual ele tinha visão, passaram alguns carros na rua, ele mal tinha se habituado com a companhia da lua e ela se foi, apagada por uma nuvem. Ele nunca estaria preso a nada, mesmo, e na eterna despedida de sua vida, sempre teria uma porta de entrada e uma janela de saída.
[Conrad Pichler, 18 de junho de 2006
re-edição em 15 de julho de 2006]
-§-
[Primeira Versão]
... Everytime we say goodbye... Ela bateu a porta do carro, alcançou a soleira da escada... I die a little... Seus sapatinhos de couro, sua saia delicada, na altura dos belos joelhos, daquela bela mulher, pararam ali. Observando o Mercury 47 partir. Ela ainda pensava no antigo namorado que não esse que a trouxe até aqui... Everytime we say goodbye... Ela chorou um pouco atrás dos vidros canelados da porta entreaberta. Não se perguntou porque.... I wonder why a little... Re-encostou a cabeça sobre a madeira escura do batente. Mas, tão logo o vento soprou, ela entrou, subiu as escadas enquanto a porta se fechava atrás dela.
Ele entrou no seu apartamento, encostou a porta ao mesmo tempo que colocava as chaves sobre um cinzeiro nunca usado... Why the gods above me... O fim do tilintar coincidiu com as luzes sendo acesas, iluminando o apartamento pequeno, seus abajures sérios e seus estofados de couro falso. Tocou seu disco preferido de Cole Porter, um que havia ganho de uma velha companheira, nos idos da década passada... Who must be in the know... Ele sentia que morria um pouco, enquanto sentava de cabeça deitada sobre o encosto da poltrona... Think so little of me... Ele não sabia em que pensar, nem o que fazer, mas nunca havia se sentido tão só, quando naquele momento... They allow you to go...
... When you're near... Ela ajeitou-se na cadeira, pra ler mais uma vez a última carta dele. Tentando imaginar como seriam essas palavras na boca dele... There's such an air... Imaginando as diferenças entre esse e aquele amor, essa e aquela pessoa.... Of spring about it... Imaginar que estação cada um deles seria, o do Mercury 47 deviria ser primavera, aquele, anterior, inverno... ainda falta-lhe o verão. Ela sorriu... I can hear a lark somewhere... Guardou a carta, não lhe interessava mais. Ainda viria o verão... Begin to sing about it... Que importa, enfim a primavera que passou?... There's no love song finer...
... But how strange the change... Fora de rotação, o disco chiava... From major to minor... A poltrona vazia sobre luz séria do abajur... Everytime we say goodbye... Ele deixou seus pensamentos o levarem até a sacada... There's no love song finer... A lua pretensiosa tomava conta de metade do céu-entre-prédios do qual ele tinha visão... But how strange the change... Passaram alguns carros na rua, ele mal tinha se habituado com a companhia da lua e ela se foi, apagada por uma nuvem... From major to minor... Ele nunca estaria preso a nada, mesmo, e na eterna despedida de sua vida, sempre teria uma porta de entrada e uma janela de saída... Everytime we say goodbye... Ele, ainda, sente a falta dela e morre um pouquinho ao entrar para seu apartamento, mais uma vez.
[Conrad Pichler, 18 de junho de 2006
imagem/divulgação: E. Hopper, Summer Evening (déc. 40)]
-§-
Nenhum comentário:
Postar um comentário