
"A tempestade que vem é da cor dos teus olhos castanhos"
- R. Russo
- R. Russo
"Vai, vai, vai, vai sofrer"
- V. de Moraes
- V. de Moraes
Não existe frustração em olhar pela janela do computador e ver você; não vou nunca sofrer um só minuto, sua foto está lá para me consolar e os milhões de vídeos daquele site, me fazem dançar na cadeira giratória. Você existe mais dentro de meus olhos do que fora, em minhas mãos. Não existe o perder.
Agora, eu inventei de ser um outro, num jogo. Não como aqueles jogos antigos que você podia perder, morrer, sangrar e, no fim, ficar com raiva, quebrar a máquina, arrancar a tampa do dedo, a unha do pé, levar pontos e ficar sem ir na escola, tomando sorvete. A raiva não existe. O avatar é eterno e, se não for, criamos outro, outro perfil, outra conta de e-mail, outra vida – num nickname engraçado, colorido e cheio de figurinhas animadas. A morte do meu eu-virtual é boa, pois é fênix sem cinzas e sem fogo.
Já não sou mais ator, nem eu-lírico. Sou um avatar, viés virtual. Vazio: o sopro de vento por entre as varas da cerejeira no inverno. O nome da Silvia por entre os dentes ausentes de um de seus alunos fulanos.
Mas, meu maior desejo, agora, é ser humano e sofrer.
Agora, eu inventei de ser um outro, num jogo. Não como aqueles jogos antigos que você podia perder, morrer, sangrar e, no fim, ficar com raiva, quebrar a máquina, arrancar a tampa do dedo, a unha do pé, levar pontos e ficar sem ir na escola, tomando sorvete. A raiva não existe. O avatar é eterno e, se não for, criamos outro, outro perfil, outra conta de e-mail, outra vida – num nickname engraçado, colorido e cheio de figurinhas animadas. A morte do meu eu-virtual é boa, pois é fênix sem cinzas e sem fogo.
Já não sou mais ator, nem eu-lírico. Sou um avatar, viés virtual. Vazio: o sopro de vento por entre as varas da cerejeira no inverno. O nome da Silvia por entre os dentes ausentes de um de seus alunos fulanos.
Mas, meu maior desejo, agora, é ser humano e sofrer.
Conrad Pcihler,
São Paulo, 1º de Julho de 2007
São Paulo, 1º de Julho de 2007
15 comentários:
É a simulação do simulucro! um passo a frente à dissimulação!!
Conrad, busque busquei e não achei o bendito poema do Alberto caeiro... Mas seja lá como for, o verso dizia que estar triste é só natural. Nada mais. Quer dizer, entendes?
É claro, sou eu quem não entende.
=)
Desculpe...
"Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso"
É do "Guardador de Rebanhos", "rebanhos são meus pensamentos / e meus pensamentos são só sensações"...
A gente deixa de existir toda vez que busca a felicidade vendida em pacores de 50mg e 100mg, 50ml e 100ml, de R$0,50 ou R$1,00... quando acredita em Paulo Coelho e no Coelho da Páscoa, que vem dentro do Kinder Ovo... "cada ovo uma emoção"...
Saudades, nobre aluno, saudades!
Sabe, realmente estou me impressionando com o caeiro. pra mim agora é ele e o bandeira! \o\
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
E acho que deveriamos viver assim, sabe? Como ele diz, deveríamos ser como árvores, assim sim, deus (ou seja lá o que for, com todo o respeito) nos amaria. nos nos amariamos. e isso talvez escapasse de paulos coelhos, papais noel, e emoções de ovos de chocolate.
Caeiro mestre... sempre Caeiro...
Pois é... existir de um jeito maior que o possível dentro das palavras das nossas leis... ver, ouvir, cheirar, tocar e saborear o mundo... o que estou fazendo escrevendo um blog?
Conheces a "valsa venezuelana n°3 - natália" de um compositor de violão clássico chamado antonio lauro?é incrível. procure. na rádio uol, o disco el negro del blanco, de yamandu costa com o paulo moura.
enfim.
o que você está fazendo escrevendo um blog?
eu é que te pergunto. me diz, o que você está fazendo escrevendo um blog?
p.s.: por favor, avise-me no meu orkut quando você tiver respondido...
Não conheço a valsa... mas conheço o Yamandu...
Escrevo, porque, algumas vezes é o meu único jeito de existir, além das paredes dos meus olhos... um jeito de me fazer ver e sentir, da mesma forma que vejo e sinto o mundo a minha volta.
..ou talvez, seja apenas para tentar fazer alguma certa...
Abraço!
então você tem a resposta para a sua pergunta feita há 2 comentários...
então tens tua propria forma de ver de sentir. mas ñ faça com que precise pensar para ver ou sentir. sabe, toda noite leio algumas páginas do caeiro depois de ler saramago. acho que nenhum escritor jamais me fora tão influente.
bem, espero que seja assim contigo também...
abraços!
já é hora de ver e sentir mais alguma coisa... novos posts, por favor!
"o meu sentimento tem a cor dos teus cabelos"
- Lô Borges e Milton Nascimento, no clube da esquina.
sei lá, o verso de r. russo me lembrou isso. seja lá como for.
Caro, Tchê.
Eu adoro essa música.
Mas, na verdade, não pensei nela, de toda forma... acho que se encaixa plenamente na proposta, mas a "tempestade" é sentimento e muito mais... pense nas possibilidades.
Abraço!
Caro "morto" (gostaria que você se apresentasse, seria bacana para mim... mas, fica a teu critério...)
Não sei se a resposta é tão “certa” assim, para um desafio que constantemente me atinge, não sei ao certo porque escrevo. Escrevo, sim, para sentir e ver, mas ver e sentir nem sempre o mesmo que escrever.
Logo volto com novos textos, obrigado pela companhia.
e sentimento é muito mais, por si só. tempestade, sentimento, no meio do breu, são muito parecidos.
como são pobres aqueles que buscam o sentido de tudo, não achas, conrad?
às vezes, como o ditado não diz, tudo, ou quase tudo, é como parece...
e talvez, para esse homens que creem haver algo mais em menos, seja o fim, achar o mais. o que há além dos questionamentos deles?
nem eles mais sabem, por terem se perdido em duvidas tão tolas.
as coisas são como parecem, muitas vezes, e são como as sentimos. assim como me sinto leve hoje, e me sentia pesado ontem.
sei lá porque comentei isso. caeiro, como eu disse, vem me influenciado muito...
posta mais!
Pois é, não sei se a dúvida é tão vilã... acho que as respostas são mais! Mas, pena delas, pois também são ingênuas.
Saber o sentido das coisas é cheirá-las e vê-las... tá bom, assim, já é bastante para deixar a gente cheio de "que tais" e "e aí?"...
Ah! Sim, no escuro dos olhos fechados, tempestades e sentimentos são a mesma coisa, dão medo, aguçando a curiosidade de abrir os olhos... e, enfim, vê-la e cheirá-la...
Eita que me falta um amor!
Engraçado como as vezes abrimos os olhos e a tempestado nem lá está. Vai lá que a única tempestade é a de se fechar os olhos, tapar o nariz, perder os sentidos.
Poderia lher perguntar que dizes por amor?
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