ou
Causas e efeitos nas subidas e quedas
ou
O desejo de pedra de Sísifo
ou
Sísifo não é a sua pedra
ou
No meio do caminho tinha uma pedra
ou
Sob e desce de Sísifo
ou
Receita de sopa de pedra
ou
Redundâncias de Sísifo
Causas e efeitos nas subidas e quedas
ou
O desejo de pedra de Sísifo
ou
Sísifo não é a sua pedra
ou
No meio do caminho tinha uma pedra
ou
Sob e desce de Sísifo
ou
Receita de sopa de pedra
ou
Redundâncias de Sísifo

Sísifo, de Tiziano (1548-1549), óleo sobre tela, Museo del Prado (Madrid, Espanha)
Sísifo contempla eternamente a descida da pedra,
A descida da pedra eternamente erguida por Sísifo.
Sísifo, em meio de descida, contempla o horizonte de sua pedra,
Marcada, verticalmente, é a queda e a subida da pedra e Sísifo.
Sísifo ergue com pele pura a pedra, todo dia,
A subida da pedra rústica marca a pele de Sísifo.
Sísifo está longe de contemplar-se como pedra,
A pedra nada contempla em Sísifo.
Sísifo esforça-se para erguer e descer a própria pedra,
A pedra deixa-se erguer e descer pelo próprio Sísifo.
Sísifo contempla eternamente o esforço da descida da pedra,
Para mais fácil entender o significado do esforço da subida de Sísifo.
Conrad Pichler,
junho de 2007
6 comentários:
Conrad,
não estou aqui pelo blog. Estou aqui por mim. Nunca fui do tipo que quer ter mais de uns dois amigos, ou conhecer (digo, realmente conhecer) mais de duas ou tres pessoas - um talvez esteja de bom tamanho: é fácil de desapontar com alguem quando conhecemo-as melhor.
Por três meses, dias e noites
Fui assassino e suicida
Ladrão, pulha, falsário
Não era para menos, a princesa que eu fiz coroar e andava nua pelo meu pais fora embora sem nem me avisar...
Cometi "crimes" que jamais me perdoaria por ter cometido. Cada palavra, cada palavra que eu disse ao longo daqueles três meses que mais me pareceram anos, cada palavrinha, fora tão... tão... transmutada... Sabe, quando falamos de quando somos não acredito que podemos nos dar ao luxo de dizer coisas que não são. Eu acho que é isso que quis dizer. Sabe, hoje me arrependode ter tendado de dar uma de Joel Barish e ter tantado apagar os únicos momentos de verdade em mim.
Não tenho uma rede ampla de amigos, e acho que nunca quis ter. Uns tres companheiros já era mais do que o suficiente. Sei lá...
Em breve continuo, ok?
Não sei me organizar assim...
Toda vez que ouço João e Maria eu choro. Choro, daqueles simples, tolo, sem consolo, em tom menor. Yamandú Costa e Dominguinhos tocaram essa música no show, e eu chorei lá, no meio do auditório, no melhor show da minha vida, com a Luísa do meu lado, e fiquei com vergonha de olhar pra ela. Sinto muita vergonha, Conrad. Sou um homem (ou jovem, que seja) muito fechado. Assim como minha parceira geminiana Gabriela Trindade, deixo meu verdadeiro eu dentro de casa, ou ao lado de Luísa... Tenho vergonha de me expor, de me revelar, de mostrar o que sou. Tenho vergonha e não me agrada a idéia de saberem quem sou... Sinto-me mais a vontade sendo... 'exclusivo'. Não me tome por ser 'esnobe'(como escreve-se?), como se dissesse que outra pessoas não merecem saber quem sou. Conrad, digo-lhe isso porque tenho-te como sendo uma das poucas pessoas com quem me sinto a vontade para falar de mim. Sinto também a vergonha. Não a vergonha da boxechas rosadas. Sinto a vergonha do frio no peito, do arrependimento. Por ironia meu maior arrependimento é não ter sido 'eu mesmo'. Danem-se aqueles para quem digo bom dia e não vou além, e digo danem-se tembém para muitos daqueles que vão além. Não fui eu para eles, mas o pior é que deixer de ser eu para mim. Já se sentiu como quem quer esquecer alguma coisa e quando o faz percebe que tudo aquilo que você gosta, ama, ou seja lá o que for, preza, eu sei lá, foi pro brejo? Aí o mais frustrante, você percebe que nem consegiu esquecer a bendita coisa. Bem, isso é meio pessoal pra mim, digo, sabe, talvez não lhe sirva, sei lá...
Dispo-me de todas a máscaras que dizia Caeiro e me vejo nu. Não sou nada, não posso querer ser nada. Sou todos os sonhos. Não os do mundo, não guardo em mim a ambição do herói inexorável em mim. Sou só o meu sonho. E se me permite, revelarei este meu sonho para ti. Sou a Luísa, toda vestida de branco, no meio das árvores da Floresta que criamos no tempo em que éramos apenar amigos, dizendo que ao envelhecermos estariamos juntos, na Floresta Negra, ela tocando o Noturno Op. 9 N°2 de Frédéric Chopin (por favor, ouça-o agora...) e eu ouvindo. E depois sairiamos na noite fria da alemanha sob a lua. E passeariamos pelas arvores.
Conrad, julgue-me como quiser, às vezes é inevitável, mas eu, como o tolo que sou choro ao pensar nisso, como agora, 22h46 de 14 de setembro de 2007.
Sou o único adolescente não suicida que espera, de tod'alma e ansiedade, os momentos finais de vida. Porque só aí, aí sim, estarei todo nu, eu, puro, com ela.
Enfim, agradeço-lhe pelos olhos sobre estas palavras. Espero ter revelado um pouco mais abaixo de minha camadas, entende?
Tenha doces sonhos...
O LINK PARA A MÚSICA
http://app.radio.musica.uol.com.br/radiouol/cdcapa.php?codcd=001819-3
Caro, Tchê (ou, melhor seria “Thiago”?)
Li tudo, de uma vez, e já não sei se estou pronto para fazer qualquer comentário, ainda não sei bem se digeri tudo, nem mesmo parei para pensar se devo digerir. Mas, você merece uma resposta, merece saber que ouvi Chopin, e me lembrei da época que só ouvia a rádio Cultura FM, era um misto de charme de um guri feio, e de pouca auto-estima, mas que acabou se solidificando como um gosto próprio; hoje, escuto música erudita como faço com a MPB, com sentidos e sem pensamentos. Nunca guardo nomes de autores, músicos, épocas – isso se constitui num problema para um professor, acho eu, mas apenas acho, eu não reparo.
Dei uma volta pelas coisas mais simples para dizer que você conseguiu sim abrir-se, desvelar-se da mascara, ou mostrar a máscara ulterior. E fico pensando que não queria mesmo transformar as aulas desses dias num blog ruim que apenas repete as epifanias das mal-fadadas sensações de alma em transe, sem reflexão, ou mesmo sem qualquer profundidade além de um voyeurismo superficial que, contudo, impregna as pessoas nos dias de hoje.
Queria sim, como disse você, despir-se e ficar nu como Caeiro, sem pensar, apenas sentir, existir; “ser” mesmo, ele não quer, afinal geralmente “ser” é “ser algo”, e ele não quer “ser-algo”, “ser-coisa”.
Não sei quantas vezes já repeti “João e Maria” para mim mesmo, e nesse herói caleidoscópico, eu também me vejo sem Maria, e com muitas Marias, e sempre só. Com e sem reino, com e sem cavalo que fale inglês, alemães e seus canhões. Nós, você e eu, e muitos, acredite, vivem assim num caleidoscópio, girando, formando e diluindo a nós mesmos na luz no momento seguinte, ao mesmo tempo e outra vez, sempre.
Contudo, não acho que a gente precise se fechar de ecoísmo (eco dos outros), e nem também, se guardar no egoísmo (eco do eu), podemos estar no átimo entre ambos e ser ambos, abertos justamente o suficiente para sermos verdadeiros, para o bem e para o mal, na dor e na cor. Você não é um eco da Luísa, nem ela é um eco teu. Você não é apenas teu ego, nem teu ego é apenas teu. Se vale o conselho – não deixe a disciplina do “somos um”, anular o Um que você é.
Espero que os “momentos ruins” não tenham passado de tudo, e se “passaram”, eles ainda existem, reviva-os. Explico – eles dizem muito de quem somos, ajudam a sermos melhores e, como dragões que são nos ajudam a conquistar a princesa no fim da história, e vale matar um dragão por dia, se esse for o preço da reconquista diária e eterna.
No mais meu amigo, sim amigo, fica aqui a eterna lembrança do meu agradecimento pelas tuas palavras, e conversa quase constante. Fico feliz de ter contigo o diálogo que não teria se não fosse por ti.
Salve, e abraço.
Conrad
Conrad,
é claro que podes chamar-me de Tchê. Thiago é até meio assustador.
Jamais permitiria a filosofia do somos um anular o meu um. Digo isso porque acho que nada, nem o meu maior amor do mundo, valeria a pena. Como eu viveria isso se eu já não fosse eu, eu seria só o eco d'outra pessoa?
Eu tenho fases, sabe? Por exemplo, o pior período da minha vida, meu inferno, foi entre janeiro e maio do ano passado, e toda ano, em abril, me encontro enfrentando o dragão que mantém a princesa longe de mim. O dragão eu já matei, e matei bem matado, mas ele ainda me assusta, a lembrança daqueles olhos sem nada, o preto e branco, o frio, o vazio. A culpa.
Talvez por todos esses sentimentos apaixonados mesclados ao tom menor ou ouça tanto música erudita, sonatas, prelúdios, nocturnes (esse último não é pelo medo do que passei, mas pela expectativa do wue virá).
Eu já lhe disse isso, mas Caeiro me influenciou como jamais alguem me influenciou, e isso porque ele não é exatamente alguem, alias, eles é alguemem papel, mas não aqui, isso é, você entende.
Bem, agora vou-me.
Fico feliz por estes até então 5 comentários tão valiosos.
Abraços.
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